O objetivo desta amostragem de pesquisa é analisar o discurso político de legitimação da corrupção a partir da teoria dos Blocos Semânticos, proposta por Carel e Ducrot (1997a, 1997b, 2001), segundo a polifonia semântica. A teoria base para a análise discursiva desta pesquisa é a abordagem sociocognitiva da Análise Crítica do Discurso proposta por van Dijk (2003, 2006, 2008), que a partir de seu triângulo multidisciplinar (sociedade, cognição e discurso) proporciona a abertura para esta articulação teórico-metodológica com a teoria dos Blocos Semânticos, de modo que este aprimoramento da polifonia semântica viabiliza o estudo do discurso velado que mitiga a atitude referente à corrupção política. Van Dijk (2008), em sua abordagem, preocupa-se com o abuso de poder e dominação a partir dos que tem controle ao acesso discursivo. Entende-se, neste estudo, que a teoria dos Blocos Semânticos veicula uma análise linguístico-semântica dos enunciados e do léxico que destaca as vozes presentes no discurso, e quais destas o sujeito discursivo escolheu para validar suas opiniões, atitudes e argumentos. Com relação à metodologia, a proposta desta amostragem é a análise de um pronunciamento parlamentar da Câmara Federal de Deputados do Brasil, sobre o assunto do julgamento do mensalão; evento este característico de atos de corrupção que foi exaustivamente tópico de debates partidários no ceio da Câmara de Deputados. Pretende-se com a análise discursiva deste pronunciamento, chegar a um resultado parcial de que certos políticos da referida instituição representam a corrupção política como uma atitude corriqueiro e normal a sociedade, algo sem muita importância e sem solução. Deste modo, sendo possível observar discursivamente uma forma de dominação, visto que o tema corrupção aos poucos sofre o processo de naturalização e aceitação, não somente no corpo político, como também na população.
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