S3. Análise do Discurso (Comunicações)

CORPO E CASTIGO: SUBJETIVIDADES, COERÇÕES E RESISTÊNCIAS NO DISCURSO FEMINISTA CONTEMPORÂNEO
JULIANE DE ARAUJO GONZAGA 1
1. UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO
gonzagajuliane@gmail.com



Esta comunicação propõe analisar o discurso feminista produzido nas redes sociais, a fim de compreender como os jogos de saber-poder se inscrevem no corpo feminino na contemporaneidade. Para tanto, tomamos como corpus de análise o texto “A cultura do estupro gritando e ninguém ouve”, publicado por Nadia Lappa em sua página Cem Homens, no qual a feminista se manifesta contra a atitude “invasiva” do diretor teatral Gerald Thomas ao corpo da modelo Nicole Bahls durante uma cobertura midiática. Assim, nossos objetivos específicos buscam descrever e compreender: i) os processos de constituição do sujeito nestes enunciados; ii) o modo como a moral, as regras de conduta e as relações de poder marcam e objetivam o corpo feminino; iii) o papel da mídia na constituição de dizeres do corpo e iv)os efeitos de sentido resultantes do lugar ocupado pelo discurso feminista. O aparato teórico-metodológico que conduzirá esta pesquisa é o da Análise do Discurso francesa, mais especificamente, as contribuições de Foucault para uma abordagem arque-genealógica do discurso, que visa descrever as condições e as regras de formação dos discursos e compreender como se inscrevem em jogos de saber-poder. Ademais, partimos das reflexões de Gregolin acerca do papel da mídia na espetacularização de acontecimentos históricos, e das proposições de Milanez sobre os processos de subjetivação e objetivação do corpo. Visto que o corpo se insere em um conjunto de regras de conduta, verificamos a existência de procedimentos de controle e vigilância constantes por lentes, câmeras, olhares, que resultam em disciplina e normalização. Dessa feita, poderemos descrever os pontos de resistência assumidos pelo discurso feminista frente às disciplinas e coerções legitimadas pela mídia, e compreender como a circulação desses saberes abre possibilidades outras de subjetivação e, consequentemente, de novas organizações e exercícios do poder.


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