S3. Análise do Discurso (Comunicações)

OS MANUAIS DE REDAÇÃO E ESTILO E A IDENTIDADE JORNALÍSTICA
ALEXANDRE BERGAMO IDARGO 1
1. UFSC - Universidade Federal de Santa catarina
a_bergamo@hotmail.com



Apesar do grande número de jornalistas no Brasil (aproximadamente 145 mil) e da variedade de funções, há um léxico, práticas e personagens em comum utilizados para “informar” os critérios, os valores, as formas de atuação e, principalmente, uma identidade para a área. A introdução dos Manuais de Redação e Estilo no jornalismo brasileiro representou o grande marco divisor na história da profissão, não apenas porque significou uma separação da literatura, assim como de uma escrita considerada de qualidade inferior (ligada, principalmente, ao jornalismo policial), mas também a criação de uma linguagem específica. Representou o abandono do “nariz-de-cera”, texto introdutório que até então era utilizado nas reportagens, pelo lead, o parágrafo que resume a notícia com base em seis perguntas: quê? quem? onde? como? quando? por quê?. Criou-se, com isso, uma identidade profissional cuja base é lingüística e que foi disseminada pelos Manuais de Redação e Estilo. Essa identidade, assim como a linguagem que a distingue, opõe tanto jornalistas e escritores quanto os “antigos” e os “novos” na profissão, ou os mais “intelectualizados” e os mais “técnicos”. O objetivo deste trabalho é discutir o impacto das mudanças ocasionadas pela introdução dos Manuais de Redação e Estilo na construção dessa identidade para o jornalismo brasileiro. Para tanto, foram utilizadas diferentes fontes para a análise: os manuais de redação e estilo; depoimentos de profissionais; os Cadernos da Intercom; teses e demais produções acadêmicas. A utilização das fontes para a pesquisa segue a crítica sociológica contemporânea relativa à utilização de uma pluralidade de métodos e à necessidade de uma crítica das fontes capaz de permitir uma melhor compreensão dos fatores sociais que as geraram. A análise dos depoimentos baseia-se numa explicitação dos princípios de produção dos discursos, tentando revelar os interesses, os valores e as estratégias dos grupos sociais a que se referem.


515