S4. Dialetologia e Sociolinguística (Pôsteres)

HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICA X ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
JOANA GOMES DOS SANTOS FIGUEREIDO 1, FERNANDA DOS SANTOS ALMEIDA 1, JOSANE MOREIRA DE OLIVEIRA 1
1. UEFS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
joanagsf@gmail.com



O ensino nas escolas era pautado na variedade culta da língua, por isso as aulas de língua portuguesa priorizavam o ensino de gramática normativa, difundindo a ideologia da homogeneidade linguística. A partir da década de 1960, à luz da sociolinguística, as teorias defensoras da homogeneidade da língua passaram a ser refutadas. Não existiria mais “erro” ou “desvio” da norma padrão e sim variedades de uma mesma língua (MURAD e SILVA, 2012), havendo uma lógica estrutural tanto na língua padrão quanto na língua não padrão, sendo, pois, indispensáveis a análise e a discussão em sala de aula das diferentes normas. Entretanto percebe-se que as instituições de ensino permanecem utilizando a gramática normativa como principal aporte teórico nas aulas de língua portuguesa, considerando as variações linguísticas erros que precisam ser corrigidos pelos professores. Tal concepção conservadora não se afina com os postulados sociolinguísticos de base pragmática que consideram a língua imanentemente heterogênea e flexível. Desta forma, o presente artigo tem como objetivo, embasado em pressupostos sociolinguísticos, tecer reflexões sobre o ensino de Língua Portuguesa nas escolas brasileiras, servindo como aporte teórico para professores na busca de caminhos viáveis para o tratamento da variação em sala de aula. O delineamento metodológico deste estudo constituiu-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e qualitativo. São discutidos aspectos como: o princípio da homogeneidade linguística; variação e mudança linguística; preconceito linguístico; ensino da norma-padrão e o papel social da escola. Através de tais discussões, conclui-se que a melhor maneira de ensinar a língua portuguesa em sala de aula é a implementação de uma pedagogia culturalmente sensível (BORTONI-RICARDO, 2009), que prevê o respeito às características socioculturais e individuais dos alunos, conscientizando-os de que existem diferentes variantes linguísticas e de que todas são igualmente organizadas, atendendo, claro, a diferentes contextos de uso.


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