A abordagem diacrônica tem-se mostrado bastante satisfatória quando se busca a compreensão de certos fenômenos recorrentes nos estágios das línguas, uma vez que as mudanças ocorridas muitas vezes têm como base a repetição de fatos já identificados na história. Além disso, com esse tipo de análise é possível prever que caminhos poderão ser seguidos na evolução linguística, fazendo-se relação do nível da variação com o da mudança, identificando inclusive as motivações para um dos fenômenos responsáveis pela caracterização específica de língua: a fonologização. Inserido nesse cenário, este trabalho tem como objetivo apresentar os primeiros resultados de um estudo que visa à busca de padrões evolutivos comparando-se os sistemas consonantais de duas línguas românicas (o português brasileiro e o italiano) a partir da origem no latim, com base nos pressupostos da Teoria da Otimidade (TO) e no modelo Bidirecional de Boerma e Hamann - Biphon (2009). A partir de uma breve caracterização do sistema do PB, serão expostos os percursos evolutivos referentes a processos fonológicos motivadores das mudanças caracterizadoras da língua portuguesa. A hipótese inicial é de que a fonologização possa ser caracterizada como um processo no qual há a interação entre restrições de pista e restrições de estrutura. Além disso, os primeiros resultados, obtidos a partir de um estudo histórico-comparativo baseado em pesquisas realizadas sobre a diacronia de cada uma das línguas em questão, ratificam a possibilidade de organização das línguas românicas de forma que se estabeleça um continuum evolutivo, o qual pode ser explicado e formalizado com adequação na TO, especialmente em sua abordagem baseada no Modelo Bidirecional (Biphon), assumindo-se o pressuposto da caracterização da gramática de cada língua como uma específica organização hierárquica de restrições universais e violáveis, restrições estas que podem interagir de acordo com o nível em que se encontram.
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